quinta-feira, 19 de maio de 2011

A FINAL DA LIGA EUROPA E O SPORTING

A propósito da final de ontem, falhei o prognóstico porque pensei q o Porto ia dar uma "tareia" no Braga. Não deu por uma razão simples que o José Peseiro focou no comentário que fez para a Sporttv: não soube conservar e cimentar o ascendente emocional que tinha no inicio do jogo por opção do André Villas Boas na gestão emocional do jogo. Preferiu ser conservador e esperar o erro do Braga que aconteceu por mais de uma vez, normalmente com o Rodriguez no centro dos acontecimentos, a ser dominador, empolgar a plateia e, correndo mais riscos, oferecer outro espectáculo que está ao alcance deste Porto e para o qual este Braga não teria claramente soluções. A opção foi a primeira e o momento do golo em que o Braga está a sair com a bola controlada, sem pressão e o Rodriguez faz um passe que apanha a equipa em contrapé é um erro de palmatória inadmissível a este nível. Pessoalmente nunca o achei jogador para um grande  e ontem ficou à evidência a razão pela qual o Porto não o contrata (é baixo para central, tem demasiadas saídas da equipa, normalmente por lesão, não é extraordinariamente rápido e a saída com a bola nos pés, especialmente se a jogar do lado esquerdo, é bastante má. Resta a boa leitura de jogo e timing de intercepção o que não chega para jogar no Sporting)! E o facto de vir de uma lesão não é atenuante, antes pelo contrário pois se não se sentisse confiante, deveria ter-se resguardado nestes momentos de saída, dando assim demonstração de maturidade competitiva, de liderança perante os colegas. Não o fez por mais de uma vez e o resultado foi a decisão do jogo a favor do Porto.

Mas o que mais releva desta final é um "pormenor" curioso relativo aos portugueses que jogaram:

Porto: Rolando, Moutinho, Varela;

Braga: Miguel Garcia, Sílvio, Custódio, Hugo Viana;

Estamos a falar de 7 jogadores, dos quais 5 foram feitos em Alvalade (sendo que o Custódio apenas fez em Alvalade a fase final da sua formação, proveniente do Vitória de Guimarães, já com 19 anos). E não estou  a contar com o Beto que estava no banco do Porto.

Ora, independentemente de podermos considerar que alguns deles não terão valor para o "11" duma equipa que deseja ser campeã, parece-me indiscutível que todos terão valor para integrar o plantel de qualquer candidato ao título em Portugal e, mais que isso, são a prova clara que a aposta na formação é viável, profícua em termos de produção de resultados desportivos e financeiros e permite a existência de uma identidade (gaba-se a escola do Barcelona por alguma razão, certo? Entre outros aspectos, existe harmonia dentro do grupo, espírito de comunhão, o exacerbar do colectivo em detrimento do individual, a defesa de uma proveniência, de uma maternidade que se respeita e faz respeitar com orgulho), que é o fio condutor para que os jogadores passem e fique a mística. E o Sporting, numa altura em que não se ganha, precisa ainda mais que se mantenha a mística (se é que alguma ainda resta) porque expressão do orgulho de envergar a camisola do Leão, porque afirmadora de uma grandeza histórica que todos os Sportinguistas desejam ver confirmada, aumentada, comprovada em todos os campos onde jogue o Sporting Clube de Portugal. Sem medos, tibiezas ou vergonhas.

E que fazer para tal acontecer?

A solução, em minha opinião, deverá passar por incrementar, reforçar o aproveitamento da Formação, vocacionada claramente para a competição, numa perspectiva do benefício do colectivo e não de alimentar o umbigo de cada jovem e contratar maioritariamente jogadores (no mercado nacional ou internacional) que sejam de facto mais-valias, de preferência experientes (não obstante poderem ainda ter margem de progressão ao nível do mercado) que permitam sustentar a evolução pessoal  (pelo exemplo enquanto Homens) e profissional  (pela via dos resultados obtidos) dos jovens jogadores. Tal não obstaria à existência de um espaço de excepção que permita integrar alguma jovem promessa com talento declaradamente acima da média, proveniente de mercados competitivos (independentemente de serem asiáticos, africanos, americanos, sul-americanos ou, obviamente, europeus) cujas selecções tenham presumível presença regular nas grandes competições internacionais, nomeadamente nos campeonatos do Mundo.  

Luís Rasquete